domingo, 27 de setembro de 2009

Do Olavo de Carvalho

A democracia é um dos exemplos mais óbvios dessa distinção, e isso é mesmo uma das primeiras coisas que o estudante de teoria política tem de aprender. Em toda democracia há, por definição, uma infinidade de abusos antidemocráticos. Suprimi-los por completo, como subentendido na noção de "democracia integral", exigiria a instalação do controle social perfeito, portanto a eliminação da própria democracia. A democracia reside precisamente na busca permanente da compensação mútua entre fatores que, em si, não são democráticos. Isso quer dizer que enormes coeficientes de autoritarismo subsistem necessariamente dentro de qualquer democracia e que sem eles o próprio conceito de democracia não faria sentido. A "democracia integral" coincidiria em gênero, número e grau com a ditadura.

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A existência mesma de um poder legislativo, que é um componente essencial da democracia, prova que ela não pode ser integral. Se você tem de estar continuamente produzindo novas leis, é porque as anteriores não produziram a "democracia integral". Se a produzirem, a subseqüente supressão do legislativo a transformaria ipso facto em ditadura. Basta isso para mostrar como as idéias de pureza e democracia são radicalmente incompatíveis, não apenas no baixo mundo dos fatos, mas na própria esfera dos conceitos absolutos.

A proibição de comparar: Brasil-Mentira III

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Falso amor à justiça: Brasil-Mentira I
Diário do Comércio, 9 de abril de 2009

Inversão retórica e realidade invertida: Brasil-Mentira II
Diário do Comércio, 15 de abril de 2009

A proibição de comparar: Brasil-Mentira III
Diário do Comércio, 17 de abril de 2009

Umas ditaduras são mais iguais que as outras: Brasil-Mentira IV
Diário do Comércio, 27 de abril de 2009

Inventando certezas: Brasil-Mentira V
Diário do Comércio, 30 de abril de 2009

Um novo modelo de transparência
Digesto Econômico, março de 2009

Do Olavo de Carvalho